Existem testemunhos que comprovam a presença do Homem na aldeia de Campia desde a Pré-história, como por exemplo o Castro do Cabeço do Couço situado no actual lugar do Crasto desta freguesia.
Sabemos ainda que o povoamento da aldeia de Campia aconteceu na época romana, pois o período romano foi caracterizado pelo facto das pessoas começarem a procurar as zonas baixas, procurando os terrenos mais férteis com boa exposição solar e abundância de água.
A origem da palavra Campia pensa-se que está relacionado com campo, o topónimo Campia está relacionado com terra.
Século XIII
As inquirições de D. Afonso III fornecem importantes elementos para a história social e económica desta povoação.
Em 1258 Campia apresentava 10 vilas (Campia, Rebordinho, Selores, Cercosa, Carregal, Covelo, Paranho, Alcofra, Nogueira e Sanfins).
A igreja detinha grande parte das terras, a produção da terra e a criação de animais eram a base de sustento e o suporte da economia local.
A matança do porco era essencial para a sobrevivência, principalmente durante o longo inverno, para além de contribuir para a coesão/socialização da população, pois tratava-se de um ato comunitário.
Nesta altura, a Igreja de Campia era já dedicada a São Miguel, culto muito antigo.
Século XIV e XV
Este período foi caraterizado por crises económicas, políticas e sociais. Em 1348 ocorreu a Peste Negra, que originou uma diminuição da população.
Segundo uma carta de D. João I escrita a 8 de novembro de 1393 viveram-se grandes pobrezas até meados do século XV a população de Campia seria escassa.
Foi uma fase áurea de Portugal, com a circulação de novos produtos nas feiras e introdução de novas culturas, como por exemplo o milho, alterando os hábitos alimentares, bem como as configurações das aldeias.
No ano de 1527, D. João III ordena a criação do primeiro censo da história portuguesa. Constatou-se que a composição da freguesia era agora constituída pelos lugares de Benfeitas, Carregal, Destriz, Selores, Albitelhe, Campia, Cercosa e Póvoa de Albitelhe. Era portanto, constituído por nove agregados populacionais. E existiam 57 fogos, que seriam aproximadamente, 230 habitantes. A agricultura e a pastorícia mantinham-se como as principais formas de subsistência.
No livro de visitas da Paróquia de Campia, o século XVII era caraterizado por falta de condições higiénicas nas aldeias e ruralidade.
Nas memórias paroquiais de 1758, o Pároco José Correa de Lacerda de Vasconcellos faz uma descrição da freguesia, a pedido do rei D. José, que ordenou que lhe fizessem chegar informações da freguesia nos seus diferentes aspetos.
Segundo as Memórias Paroquiais, existiam neste momento em Campia 869 pessoas maiores de idade e 155 menores de idade, que faziam um total de 1024 pessoas.
No século XVIII a organização territorial era já muito semelhante à da atualidade. Havia escassez de centeio, milho-miúdo, feijão e sobretudo trigo. O vinho era de “mediana quantidade e verdíssimo”. Pelo contrário havia muito milho grosso. Em relação ao gado, existiam muitas cabras, ovelhas e bois em quantidade média por falta de pastos.
Nas margens do alfusqueiro haviam muitas árvores silvestres e uma planta chamada loendreiro que é venenosa.
No século XVIII no Rio Alfusqueiro não existia restrição à pesca e os peixes mais abundantes eram os barbos e algumas trutas.
Existiam já 5 ermidas/capelas:
A primeira e mais antiga era a capela de Nossa Senhora da Adside, segunda a de Santa Ana de Rebordinho, terceira a de São Tiago em Cercosa, quarta a de São Domingos em Cambarinho e a Capela de Nossa Senhora das Neves em Cambarinho.
Esta Memória Paroquial foi muito importante e indispensável, no sentido de perceber a evolução de Campia aos mais diversos níveis.
Este século foi caraterizado pela introdução de adubos químicos e da mecanização da agricultura.
Neste século ocorre a proibição de enterrar os corpos no interior da igreja, com a construção de um novo cemitério na década de 60. Teria existido um outro cemitério na Idade Média que envolvia o templo então existente. A presença desse cemitério é hoje lembrada pela Estela Discóide decorada com motivos cruciformes que se encontra no adro da Igreja Paroquial atualmente.
Em 1878 existia uma elevada taxa de analfabetismo, sendo que num total de 1630 habitantes 499 homens não sabiam ler nem escrever e 888 mulheres também não sabiam ler nem escrever. Este analfabetismo devia-se em parte à falta de infraestruturas e dinheiro mas sobretudo devido a uma questão de mentalidade: a instrução não era uma prioridade.
No final do século XIX ocorreu uma vaga de emigração para o estrangeiro, deslocação também para as cidades ou para o trabalho sazonal no Alentejo.
Os trabalhos manuais, hoje parte da cultura/ saber da freguesia foi durante muitos séculos o sustento da população.
O século XX inicia ainda com falta de escolas, analfabetismo e más acessibilidades.
Para além da agricultura as outras fontes de rendimento que começaram a aparecer eram a exploração de pedra e a exploração de madeira. Ocorre um decréscimo de população na freguesia. Emigração, a gripe espanhola (1918-1919) e a participação na 1ª Guerra Mundial são fatores que originaram uma baixa no crescimento demográfico. No início da década de 60 do século XX sob o ponto de vista industrial existiam 4 máquinas de destilação de aguardente, 1 lagar de azeite, na Seixa existia uma fundição de alumínio e serralharia e 1 panificação de Cercosa.
Também na década de 60 do século XX necessitavam de ser alargadas e reparadas.
Ainda neste século, os Loendros de Cambarinho são classificados como espécie de interesse público a 15 de fevereiro de 1938 pela sua beleza e raridade originam um motivo de atração e fazem parte da riqueza patrimonial de Campia.
Por esta altura, existia em Campia um Consultório com dois médicos, uma farmácia, uma estação de correios e uma escola.
A 19 de outubro de 1969 chega a eletricidade a Campia, mudando os hábitos e melhorando as condições de vida.
No ano de 1971 Campia apresentava um total de 1789 habitantes.
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